Kardec inicia as colocações deste tópico explicando que as formações de quase todos os povos da antiguidade se confundem com as suas religiões, e como as religiões tendem a esclarecer o principio das coisas e da humanidade as explicações para a formação do universo e como ele se organiza derivam do conhecimento que essas religiões tinham à época, e o resultado disso é que os primeiros livros religiosos foram também os primeiros livros de ciência.
Kardec coloca também que de todas as gêneses antigas a que mais se aproxima da ciência moderna é a de Moisés, a despeito dos erros que nela existem. Muitos destes erros vêm da interpretação errônea de certos termos, cujo significado original se perdeu nas traduções.
Embora Kardec não aborde neste item a questão da “libertação do pensamento” do domínio da religião, sabemos que isso ocorreu, pois quem pensasse diferente do que determinava a força dominante da época era perseguido e morto, e era necessária essa libertação para que o pensamento evoluísse. Com isso criou-se a cisão entre a ciência e a religião. A ciência livre do domínio que a engessava evoluiu, e a partir das leis da natureza procurou constituir a verdadeira gênese.
Porém a gênese é constituída de duas partes, a formação do mundo material e da humanidade, levando em conta seu duplo princípio, o material e o espiritual. A ciência limitou-se ao estudo das leis que regem a matéria; sob este ponto de vista chegou a um progresso incontestável. Mas e o lado espiritual? Kardec pontua que este lado ficou pouco desenvolvido pela falta de um instrumento de observação mais direta. Hoje temos um poderoso instrumento, que é a mediunidade; através dela podemos estudar e compreender o contato permanente entre o plano material e espiritual e termos respostas, não mais pela fé cega, que bate de frente com o que a ciência provou não ser possível, mas com a fé raciocinada, andando de mãos dadas com ciência e então descortinar os “mistérios” que estão ao nosso alcance conhecer, de acordo com o nosso grau evolutivo.